BELVEDERE
Seria feito aquele feriado na quarta.
O instante, onde o truque do mágico
desloca toda esta engenharia pesada
— e praticamente inamovível da alma.
Ah, se os meus versos pudessem contar
dos braços que estrilam na madrugada,
tão duramente contorcidos e exaustos
da guerra entre o seu corpo e a palavra.
Seria de repente: aterrissar na sua casa,
e, num raio veloz, já estaríamos deitados.
E logo tiraria os laços das suas sandálias,
para mostrar de vez os seus pés descalços.
Poria, sem pedir, mais um travesseiro atrás
de tudo, a fim de que visse, menos deitada,
uma língua se multiplicar sobre seus lábios,
e um vulcão espalhar a gosma dos magmas.
Dentro da sequência de asfixias e de pecados,
colheria seus ais no meio do colchão molhado.