ALMA DESTRAMBELHADA
Aprendi a gostar
dos rasgos no teu olhar
dos encardidos no teu querer-bem
dos cantos ocos no teu amar.
Aprendi a entender
tuas varandas assustadas
teus sonhos trêmulos
teus lastros escassos
tuas ladainhas agudas
teus desejos escrachados.
Aprendi a acolher
quando teus ventos bagunçam
quando tua ternura empaca
quando teu andar desossa.
Aprendi a embalar
teus acordes desafinados
teus faróis dolentes
teus horizontes cabisbaixos
Aprendi a esmiuçar
teus suores amotinados
tuas garras puídas
tua vida maltrapilha.
Aprendi a perdoar
tuas proas desarrumadas
teus versos raquíticos
tua alma destrambelhada.