SÉRIE COMENTADA II
Amigas e amigos, bom dia. A seguir, o complemento da série MPBS, com os últimos oito poemas, esses, escritos dois anos após os 16 primeiros de 2005. Muito obrigado.
MPBS — MAGRELINHA
Teus lábios desenhados
tais como obras de arte,
os sulcos de linhas suaves:
unidos são o auge da carne.
Há vida no açaí da tua pele
e maciez no elixir que exalas,
mesmo no longe da internet...
O teu marrom único que reflete
as luzes do dia e do breu infinito
dessa noite suspensa e azulada.
O pôr do sol adiante lá no ocaso
vai renovar de novo o teu sorriso
e libertar no arco-íris cor de sangue
o verso esguio quase reto,
no caderno decorado cor de rosa.
O sol não adivinha,
num beijo melado, que Baby é magrelinha.
MPBS — TRISTESSE
Um desejo
muito grande
e menor do
que a razão.
Há febres
que têm
de ficar
nos miolos.
Tento versos:
tua escultura
nítida e nua
sobre os cílios.
Sinto, penso, espero,
fico tenso toda vez
Que nos encontramos,
nos olhamos sem viver.
Para de fingir que não
sou parte do seu mundo
Volta a pensar então
Como você pode pedir…
MPBS — A FORÇA DO VENTO
Vem um vento
pela fresta, não
da porta aberta
ou desses vãos
muitos da janela,
mas sim do peito
em formigamento
e dos pés à testa
a saudade esquisita,
esta flecha repentina
capaz de fazer rápida
toda a pele arrepiada.
Quem sabe um verso
vença o espaço, e surja
um poema que traduza
o teu mapa quase secreto?
Ao amor fiz e sempre farei...
Adormece o tempo
Que a fada te jurou
Fere o dedo no teu sonho
Te assustas com o meu beijo
E acorda a tempo
De saber que ainda eu sou teu rei.
MPBS — AS DORES DO MUNDO
Nem um verso conseguiu.
Nem uma pausa respirou.
Nem um minuto foi tão longo
foi, quando ouvi a tua voz
perto do silêncio apavorado
do meu corpo dizendo amor.
Foi tão bonito aquele beijo, foi...
Tão lindo, que o tempo até parou.
De duas vidas, uma se fez
eu me senti nascendo outra vez…
MPBS — O QUERERES
Um amor
ao avesso.
Uma flor
no concreto.
Pode dar
muito certo
poder andar
na contramão.
Onde queres
revólver sou
coqueiro onde
queres dinheiro
sou paixão.
MPBS — ENQUANTO ENGOMA A CALÇA
Perdi Maria Helena.
E Anas. E ngelas.
E também Sandra:
poeta de alma pequena.
Cada valsa. Cada verso
que aprendi foi no colo
da tua sinfonia. Inversos
onde o amor fez dar certo.
Teu olhar me olhou todinho.
E a tua voz ainda reverbera.
Repare não:
enquanto chacoalham os ossos
minhas carnes clamam as carnes
que voam todas na tua direção.
Porque te amar parece com não
morrer. É igual a não se esquecer
que a vida é que tem razão.
MPBS — EX-AMOR
Foi feito um poema
dividido em vários
versos inacabados
ou sonhos de eterno
amor. Infelizmente
foi um cálido lamento.
A vida varre o presente
sempre e varrerá sempre
a poeira das horas passadas.
Foi feito um enredo quase
trágico e essa tempestade
doa fé de que tudo foi raro.
Quando a saudade bate
forte é envolvente eu me
possuo e é na sua intenção.
Com a minha cuca naqueles
momentos quentes em que
se acelerava o meu coração.
MPBS — TOLA FOI VOCÊ
Você viu quase nada,
mas também mostrei
muito pouco, talvez,
você viu quase nada.
Tem vez em que o poeta
acerta na mosca do verso,
porque enxerga o espectro
denso: o lado B do cassete.
A música que não pode tocar…
Tola foi você ao me abandonar
desprezando tanto amor que eu tinha a dar.
Agora veja bem, o mal é vai e vem, só esperar.