I - DE PROFUNDIS
Pois eu lhes trago o inferno,
consumado na oração fingida dos púlpitos,
envolto nas vergonhas pestilentas da vaidade,
conhecedor das línguas cultas e esquecidas.
Não inteligível aos de boa vontade,
servindo de brocado e enfeite aos santos pais.
No lodo do engano onde se rouba a virtude,
nascido e apodrecido em poesia arcaica.
Nenhuma autoridade se dá pela paciência,
nem profissão de fé se exalta sem sangue.
Quando de suas antigas chagas se aperceberem,
cegados que estarão pelas harmonias profanas,
saberão que não há profecia ou voluntária entrega
que salve o cordeiro da lãmina fria da certeza dos homens.