SÉRIE COMENTADA

Oi, Pessoal. Defendo o poema, conceitualmente, claro, como algo infinito. As séries e trilogias, estão presentes na minha poesia. Ultimamente, tenho feito das minhas redes sociais uma obra poética em andamento, e isso explica a minha calma em relação ao lançamento de novos livros, apesar de ter lançado um, recentemente, em novembro de 21, depois de sete anos. Andei escrevendo em partes, e coligando poemas antigos, muitas vezes esquecidos (não frequento muito a minha própria poesia, talvez seja por isso) que têm mais força e coesão quando juntos. Bem, tenho algumas séries que pretendo postar por aqui, sem compromisso. A primeira é a MPBS. Foi escrita em junho de 2015. Na verdade, claro, faz alusão à música brasileira e os subtítulos são os nomes das canções em que eu me inspirei e me utilizei de alguma parte delas, intertextualizando-as no meu poema. São 16 poemas e espero que curtam.

MPBS - TODO AZUL DO MAR

Foi assim

como um

vento que

remexe o fundo

que engasga

o instante

e acelera

uma morte

mais que viva

quase sem ar.

Foi assim

quando te vi.

Foi assim

como ver o mar.

MPBS - TREM DAS CORES

Na sacada

vi seu adeus

pálido e caro

no antirreflexo

do vidro do carro.

A chuva misturou

precipitação e

lágrima nesse

até nunca mais

de alfaia aberta.

Vi seu adeus

nos dois

lados da janela.

MPBS - MUDANÇA DE COMPORTAMENTO

Nada é demais

quando o verso

fala desse amor

quase suicídio

quase fim mas

quase início

uma mescla

de inferno

e de paraíso

e que até

mesmo a morte

que mata a vida

não é capaz.

Eu morreria

por você

na guerra

e na paz.

MPBS - HÁ TEMPOS

Tem vez

que nem mesmo

a tarde descortina

os meus versos

de suor e nicotina.

Tem vez

que as saudades

vêm e vão num

misto insano

de poema e solidão.

Tem vez

que o céu

é um rio suspenso

onde sobrevoo

contra a correnteza.

Parece cocaína

mas é só tristeza.

MPBS – SEDUZIR

Quero mais

quero afundar

minha boca

na tua pele macia

quero mordidas

quero tapas e desejos

de eu te amo

quero beijos

cantados de

fundir o estado

das coisas

quero o gozo da manhã

azul blue turmalina

notas de ais e uis

soltas pelo mundo.

Nem se eu bebesse

o mar encheria o que

eu tenho de fundo.

MPBS - A ROTA DO INDIVÍDUO

Mera luz

que é mera

porque quase

perfeita começo

de noitinha

quase marrom

quase infinita

quase rara

como se não

existisse chegada

na tarde distante

ferrugem ou nada.

MPBS - A PAZ

A paz é

um istmo

feito a poesia

aparece assim

quase quieta

quase relâmpago

num vento iridescente

no breu desta noitinha

no meio dos teus beijos

no meio da minha mão

sobre a tua mão.

A paz invadiu

o meu coração.

MPBS - ACIMA DO SOL

Meus pés

não entendem

parecem sem chão

sem cheiro sem rastros

meu dia não entende

minhas horas se perdem

tudo são imagens inócuas

tudo sem mapa sem nada.

O caminho só existe

quando você passa.

MPBS - TEMPOS MODERNOS

Eu vejo

a vida

na lente

do verso

do passado

da próxima

esquina

mesmo que

o agora seja

o meu próprio

absurdo.

Eu vejo

um poema

melhor no futuro.

Eu vejo

isso por cima

do muro.

MPBS – BABY

Você precisa

saber deste

céu imenso

andar com

as cores

do poeta

me ver de perto.

Comigo vai

tudo azul

tudo preto

quase azul

de tão pretos

de tão céus

quase pretos.

Você precisa

tomar uma dose

tentar o vento

na varanda

fazer tipo um poema

qualquer coisa assim...

Você precisa saber de mim.

MPBS - FALTANDO UM PEDAÇO

A lua

já virou

no calendário.

Sem você

tudo fica

faltando um pedaço.

MPBS - OUTRAS PALAVRAS

A palavra

é sempre

outra palavra

aglutinada

inventada

aleatória

a palavra

é uma

em cada

estrada

que deita

outras palavras

mesmas palavras

outros poemas.

MPBS – SOZINHO

Não há rua

que me baste.

Não há

pressa sem demora.

Não há beijo

que me resgate.

Onde está

você agora?

MPBS - BOA NOITE

Tem vez

que se faz

de tudo

mas tudo fica

no sonho.

Tem vez

que mesmo

nas alturas

algo impede

o voo.

Meu ar

de dominador

dizia que

eu ia ser

seu dono.

MPBS – SERÁ?

Será sua miséria

em pôr miséria

na minha paz

os monstros

da sua solidão

percorrem todo

o seu sangue

frio no oco

da suas veias

são noites inteiras

talvez sumindo

na escuridão

mas eu sei

tudo o que

você não

me quis saber.

Tire suas

mãos de mim

eu não pertenço

a você.

MPBS – FULANINHA

Não sei o

teu nome

mas sempre

te vi passar

em manhãs

de fábulas

quando o

céu tinha

a cor da tua

pele dourada

e nuvens dos

teus seios e

estrelas dos

teus olhos

feito quase

constelação.

O sol de

repente para

na esquina e

ela nem sabe

a tal Fulaninha

que arde em

silêncio no

meio da tarde

a minha paixão.