Tempestades da Alma

I

estou perdido diante de mim

um espelho estar refletindo

o meu medo

e não vejo meu reflexo

diante de meus olhos

estou procurando um sorriso

uma mão amiga

um beijo para aquecer-me neste frio

um coração para me dar vida

estou perdido no meu tempo

nas minhas vagas horas

estou esperando alguém

mas

vejo diante de minha estrada,

que jamais virá

uma solidão penetrante carnal

fria

descontente

sem norte e sem sul

estou à deriva naufragado

numa ilha sem glórias

num caminho sem destino

estou querendo estar vivo

mas

sou um ser surreal

serenamente surreal

solitário

somente.

II

não,

não quero ser amigo

não consigo ser amigo

de quem amo tanto

de quem desejo tanto.

não posso ficar em paz

olhando o meu possível amor

sorrindo, brincando, divertindo-se

me chamando pelo nome

mas, como um amigo.

não,

não quero ser só seu

amigo

quero ser seu tudo

sua noite

seu dia

suas horas.

quero ser seu sustento

seu motivo de se sentir feliz

de se sentir bem.

quero propor o desejo

o fogo

a chama

a química da paixão

o ser e o estar.

não,

não consigo te olhar

sentir seu aroma

ouvir sua voz

e não ser teu

só apenas amigo...

não, mil vezes não.

quero ser seu amigo, mas amante

amante único sem traições

amante do seu querer

amante do seu pensar

amante do seu existir.

quero te proteger

te dar ternura

te fazer mulher

te fazer menina

ser minha, exclusiva e total.

amigos podem passar

podem ser esquecidos

numa página vetusta de um álbum

empoeirado

mas o ser amado

jamais se esquece

é sempre pleno

é crucial.

não,

não posso ser apenas amigo

quero estar contigo no pôr-do-sol

no amanhecer

abraçados

unidos

únicos.

III

deixe tudo para trás

sim

as malas cheias

das mesmas esperanças

de velhos afagos

jogue as cartas escritas

sempre o que não queres ler

na lata seca do abismo

voe

sem medo de voar

flutue pelos versos

pelos cristais amargos

da riqueza profana

deixe a porta escancarada

e faça o sol repousar

e ao mesmo tempo, sorria.

IV

há um céu sublime

há um mar fascinante

há uma vida de brilho

e abraços verdadeiros

há uma alma guerreira

há um amor inesquecível

há uma arte que acalenta

e beijos de fogo e paixão

há canções que maltratam

há canções que machucam

há canções que ferem

e isso jamais e esquecido

há um perfume ao redor

há uma essência que penetra

há uma lágrima que ofusca

e beija e abraça e ama

há um céu que testemunha

há um olhar que busca

há um fervor latente e fiel

e se quer bem e se faz eterno.

Luciano Cordier Hirs
Enviado por Luciano Cordier Hirs em 29/08/2022
Reeditado em 29/08/2022
Código do texto: T7594033
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