Um adeus e uma lágrima

Estou sozinho esta noite.

Debruçado no alpendre da janela,

observando

pensando

escutando

sentindo,

o ar cálido da noite

silenciosa de domingo.

A lua estendida da seda escura

e pequenas luzes abrilhantando

cada parte graciosa da noite de inverno.

Estou sozinho numa antiga casa

onde repousam lágrimas e almas.

Pequenos gestos sombrios que desafiam

minha memória de triste poeta

que consolava na solidão agreste

minha amada senhora que a vida me levou.

E eu observando o frescor do vento gélido

da noite de inverno, noite preciosa de domingo.

Osculo a testa vívida de minha doce mãe,

que me deixou tão cedo naquele dia de chuva,

mas em seu olhar distante,

sua voz quase nula,

me disse adeus,

numa lágrima sutil pela face.

Suas mãos trêmulas e lívidas

segurando as minhas,

num adeus que apertava meu coração.

E sozinho nessa noite de luar sereno

observo

penso

escuto

reflito

o quanto somos poeira

ínfimos seres finitos:

poeira.

Luciano Cordier Hirs
Enviado por Luciano Cordier Hirs em 27/08/2022
Reeditado em 19/07/2023
Código do texto: T7592477
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