Um adeus e uma lágrima
Estou sozinho esta noite.
Debruçado no alpendre da janela,
observando
pensando
escutando
sentindo,
o ar cálido da noite
silenciosa de domingo.
A lua estendida da seda escura
e pequenas luzes abrilhantando
cada parte graciosa da noite de inverno.
Estou sozinho numa antiga casa
onde repousam lágrimas e almas.
Pequenos gestos sombrios que desafiam
minha memória de triste poeta
que consolava na solidão agreste
minha amada senhora que a vida me levou.
E eu observando o frescor do vento gélido
da noite de inverno, noite preciosa de domingo.
Osculo a testa vívida de minha doce mãe,
que me deixou tão cedo naquele dia de chuva,
mas em seu olhar distante,
sua voz quase nula,
me disse adeus,
numa lágrima sutil pela face.
Suas mãos trêmulas e lívidas
segurando as minhas,
num adeus que apertava meu coração.
E sozinho nessa noite de luar sereno
observo
penso
escuto
reflito
o quanto somos poeira
ínfimos seres finitos:
poeira.