PESCADORA
Preciso aprender com o mar
a conter-me onda
abarcar todo esse sal
e sorrir azul.
Decidi brigar com os peixes
que te habitam as profundezas
e destilar a dor
em espuma e brisa.
Hoje bóio à deriva,
feito náufraga,
imersa em água e, mesmo assim,
a morrer de sede.
Transbordo saudade,
recebo plácida as gaivotas
que me pousam angústia.
Mergulho nessas águas
que te banham a alma
e te escorrem dos olhos,
e resgato um beijo de tua boca abissal.
Volto à superfície,
esvazio com a maré,
deixando expostas as formações rochosas
feridas pétreas
que tua ausência sangra.
Nessa rede, nem tudo o que cai é peixe.
Aprendiz de pescador,
silêncio e espera
cortam mais que faca afiada.
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