O MILHO
O MILHO
Carlos Roberto Martins de Souza
Sou um dos mais antigos alimentos
Conhecido como o sustento da vida
Não sou bombril nos seus encantos
Da minha serventia ninguém duvida
Tenho mil e uma utilidades vou provar
Na panela ou privada estou presente
Da palha ao sabugo pronto para usar
Me fizeram a salvação de muita gente
De mim nada perde ou se descarta
O caroço, o grão, sabugo e a palha
Meu uso pela indústria é muito farta
Dela como herói ganho até medalha
Sou o milho um turista por excelência
Viajo de burro, navio, trem e caminhão
Ninguém contesta a minha eficiência
Estou presente em toda alimentação
Sou um grão tão pequeno sou o ouro
A minha cor dourada não deixa mentir
Sou o dinheiro sou um grande tesouro
Sinto orgulho faço a nação progredir
Sou torturado para sugerem meu leite
Me castigam me esfregando num ralo
Eu sou usado como alimento e enfeite
Diante desta tragédia apenas me calo
Na senzala fui angu do pobre escravo
Na mesa do senhor fui a broa gostosa
Do fubá até a canjiquinha fui um bravo
Sempre cantado em verso e em prosa
Dou a palha para o cigarro do matuto
Que também é usada em artesanato
Um dia fui útil do colchão um produto
E sobre as palhas dormiu muito gaito
Sou transformista quando saio da toca
E quando tiram minhas roupas nobres
Se me botam fogo no rabo viro pipoca
Sou estrela da festa de ricos e pobres
Prestei até o serviço militar na limpeza
Com esmero cuidei de muitos buracos
Prestei continência com muita braveza
Minha vida militar jamais foi de moleza
Eu cuidei muita bunda suja e cabeluda
Eu impava, coçava e penteava calado
Coisa difícil e de ninguém tinha ajuda
Sofri muito com um tal pitoco entalado
Me jogam no cocho e até no terreiro
Alimento bois, aves, porcos e pessoas
No curral, na pocilga ou no galinheiro
Na mesa sou o rei das receitas boas