Existencialista

Edson Gonçalves Ferreira

Faz calor,

À tarde, as mulheres sentam-se nas portas das casas,

Descascando laranjas, comentam tudo

Eu passo de carro e lembro a infância...

Minha mãe sentada num banquinho,

No alpendre da cozinha enquanto nós, meninos,

Esperávamos as ordens dela pra furar os figos

Quão doce era a voz dela: "Fura os figos, menino, fura..."

E, até hoje, sinto o perfume do tacho do doce-de-figo

Parecíamos siriricas ao lado do fogão, esperando a rapa

Num tem nada mais gostoso que rapa de doce, tem

Talvez, hoje, a rapa das lembranças seja mais preciosa, quão mais

Minha mãe não vive mais pra fazer doce

Mas vive no meu amor eterno.

Divinópolis, 30.11.07

edson gonçalves ferreira
Enviado por edson gonçalves ferreira em 30/11/2007
Código do texto: T759139
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