Quando o Sol e a Lua
O dia já vai raiar
e quero ver o sol nascer
pela manhã vou me vestir de mar
só para vê-lo amanhecer.
Vou olhar nos olhos do céu
e vestir-me da brisa mais clara
sentado sozinho na varanda de casa
pela manhã, vou me pegar sorrindo às gargalhadas.
Vou piscar para o sol
como quem flerta com a lua
enquanto tropeço e me perco nas curvas da rua
amanheço e adormeço girassol.
Todos os dias adormeço e amanheço girassol.
Entardeço e entristeço ao pôr do sol.
Todos os dias anoiteço e enlouqueço aos pés do sol.
Aborreço e me esqueço que de noite a lua virá
brilhante como ela só!
Com seu frio gélido e cortante
em ar espesso e sufocante
lentamente correndo o céu
em sinfonia de menestrel
para num beijo derradeiro me silenciar.
Quando o sol e a lua se encontram
e o horizonte em paralelo se curva
não há olhos que se encerrem
diante de beleza tão pura.
Saltam os olhos em festa
fazendo palpitar as veias do corpo todo
enquanto raia o sol em seresta
caminham entorpecidas nas ruas as pessoas.
À luz da lua mais bonita que já se viu
cantam as damas da noite em cortejo
pelos caminhos e degraus da subida
perfumam a extensa e infinda estrada da minha vida
com os seus perfumes, odores e cheiros
me cercam me espreitam e me beijam.
Nessa caminhada não há luz que se cale
nem brilho sequer que me ofusque
brilham radiantes os meus olhos
encantados com as belezas e os absurdos
a lua vai me encher de sonhos e segredos
e o sol escancará-los ao mundo.