A MOSCA
No meu canto estava eu quieta,
quando uma mosca indiscreta,
quem sabe uma varejeira,
se exibindo faceira,
veio perto de mim pousar.
Vá-se embora, desinfeta,
eu lhe disse decidida,
não a quero em minha vida,
nem falamos a mesma língua,
alguém vai morrer à míngua,
nada bom a se esperar.
Porém ela, bem na dela,
não ligou ao que eu dizia,
esvoaçando zumbia
com uma tal satisfação,
que nem sei o que pensei:
pensei dar-lhe um bofetão.
Aproveito, mando-a à merda,
e dou-lhe umas raquetadas;
eu não sei quem é que a herda,
talvez tu que começou
esta história mal contada.