Os sinos e a rosa
A bela moça veio
com rosa 'inda mais bela
em seu peito acalentada
e trazendo junto um terço.
Quão copiosas as lágrimas
molhando o branco lênço
e quão tristes seus murmúrios
de sonidos tão dolentes!
E era o mês de festas
e seu pai estava morrendo.
Há muitos meses na cama
entre gritos e silêncios.
Meu pai, trouxe-te a Virgem,
a Santa Cruz e o Rosário
para que tu em tua hora
não te esqueças de beija-lo.
Basta, basta, filha minha.
que já estou muito fraco!
Tenho a Virgem lá no céu
velando por minha alma!
Meu pai, trouxe-te doces
trouxe-te pinhas e goiabas
que ali junto da serra
desde pequeno plantavas.
Não carece, filha minha.
Que o sabor tenho guardado.
Minha mente é um mar
recheado de saudades.
Meu pai trouxe-te flores,
muitas e as mais variadas
pra que te encham de cores
e alegrem este espaço.
Riu-se o pai com o restinho
de força que lhe restava.
Disse: filha, tenho teu riso
e tua presença ao meu lado.
Abençoou-a e despediu-se
com um sorriso nos lábios.
E era o mês de dezembro
e então os sinos tocaram.