A história de Maria Bonina
Num dia chuvoso Dona Serafina
E o seu marido, o Senhor José
No alto sertão lá da Paraíba
Pertinho de Souza e de Catolé
Trouxeram ao mundo a filha querida
E pegando o nome de uma margarida
Chamaram a menina Maria Bonina
Espevitada e muito eloquente
Aquela menina era inteligente
Gostava de bicho, de planta e de gente
E não hesitava defender prontamente
Qualquer agressão feita injustamente
Um dia os meninos daquela vereda
Buliam, cruéis, com um passarinho
Pelado, magrelo e muito pançudo
Um recém-nascido, caído do ninho
A cena dantesca despertou-lhe bravura
E lá foi-se Bonina salvar a criatura
E deu-lhe comida, e deu-lhe carinho
Cresceram-se penas naquele bichinho
Sua mãe lhe dizia, “Vá! Livre-se dele!
Que um dia ele foge e voa pro sul.”
Bonina insistia, a ave crescia
Tomando o jeito de um arapaçu
Um dia, descuido, abriu-se a janela
E o arapaçu meteu-se por ela
Vendo pra longe voar seu tesouro
A pequena Bonina segurou o choro
Mas deu-lhe sermão Dona Serafina
“Viu? Lhe falei! Fugiu-lhe o malvado.
Nem retribuiu todo aquele cuidado.”
Bonina porém tinha intuição
Aquele trabalho não fora em vão
E agora no inicio de toda primavera
Recebe visita ali na janela
Vem o seu querido arapaçu
Trazer-lhe uma flor de mandacaru