SENTINELA
Longe, longe, ouço essa voz
Que o tempo não vai levar
Morte, vela, sentinela sou
Do corpo desse meu irmão que já se vai
Milton Nascimento e Fernando Brant
Às seis (ao vivo vi a madrugada),
o dia vem num cinza muito claro,
e temperado da solidão do quarto,
na cama — e sem ninguém ao lado.
Sete, oito… E o pó da vigília guarda
os dialetos balbuciados das entidades
que ainda retornam das encruzilhadas
— e embriagadas de sidra e de cachaça.
— E às doze, a cortina da garoa desaba,
sobre o embaçado da manhã que acaba.