IDADE
IDADE
Olho-me num espelho
Vejo-me velho
Mas não me sinto assim
Ainda sonho
Tenho vontades
Posso ir e vir
Sem dificuldade
Posso festejar a idade
Admirar os filhos
Abraçar as netas amadas
Beijar a companheira de jornada
Ler e escrever poesia
Respirar o dia
Seja lá cinza ou azul
Tudo são cores
De quando em vez dores
De pernas joelhos costas
Mas não reclamo dessas bostas
São apenas consequência
Do tempo que não perdoa
Mas embora doa
Gosto de ficar por aqui
Afinal não sei o que há no logo ali
Não acredito em céu e inferno
Tudo ocorre nesta dimensão
Anjos e demônios os há em profusão
Também há minhocas
Na cabeça de corocas
Que procuram a felicidade no desconhecido
Escondido embaixo da terra
Onde as larvas fazem suas refeições
Deixando apenas ossos como recordações