Des-construção
Você tem ido longe demais
E fraca que sou,
Não consigo evitar que se funde!
Minha incapacidade me faz sentir
Toda a culpa de uma alma
Frágil e deserta.
Como posso eu deixar
Que se aventure
Se nem eu mesma
Me conheço, e tão pouco,
Sei o caminho de volta?
Não quero perder você
Para mim mesma.
Não sinto a segurança
De que isso nunca vá acontecer,
Pois jaz dentro de mim
Uma morte contínua
Do meu estranho ser.
Tenho dito tantas vezes,
Parece que não me ouve,
Há de se assustar um dia
Com os monstros sombrios
Que carrego como filhos
De minha insanidade
Sempre tão mal escondida.
Por isso esse meu temor
Constante, dolorida dor
Que me domina amargamente.
O dia que me conhecer
Inteira, parte a parte,
Poderia você me deixar
Num desolamento indolente.
Não desejo que me conheça,
Não quero que me deixe,
Tão pouco que me esqueça.
Conserve contigo a ignorância
Solene que tem de mim,
Pois só ela nos fará
Completamente felizes.