Soneto Impenetrável
Como uma flâmula recém extinta,
Carrego a marca de uma luz mais alva
E a frieza torpe de toda ressalva
Que surge da lágrima, quando sucinta.
Sinto as agruras da lembrança, faminta.
Uma culpa que não pode ser salva,
Uma vida que não pode ser salva,
Mero reflexo da dor indistinta.
Faço-me obscuro, hermético, distante.
Corto contato, mas mantenho o amor.
Carrego no bolso as mesmas paixões.
Vigio tudo de longe, pensante.
Torcendo para o tempo não se impor.
Sonhando entrelaçar nossas razões.