ENFIM, TUDO

Vai tudo em mim, enfim, se despedindo Ivan Junqueira, em Vai Tudo em Mim

Tudo em mim vai ficando sem graça

— igualmente com o que me rodeia.

Natal? Ano Novo? Aniversário?

Tudo, enfim, perdeu a existência,

perdeu o sentido, perdeu o ar,

e o que me resta é o poema

oculto e o verso de fumaça

— que viram pó quando o sol rebenta.

E tudo em mim vai se despedindo:

meus dentes, minha mente, meu sorriso

— tudo roda velozmente nos dias,

nos anos que se passaram, no rio

dessa vida que caminha sem rota,

das horas que se vão e que não voltam.