APENAS UMA VÃ MEMÓRIA
Aquele quintal ainda de terra,
O portão sem tranca, o cachorro,
O leiteiro grita, a vizinha berra,
A padaria no alto do morro.
Uma mãe chama seu filho,
Ele só não ouve, não quer,
O sol do meio dia, o seu brilho,
Aquela esfarrapada mulher.
Cai a chuva, um temporal,
Tudo vira barro, enxurrada,
Mas a chuva passou, natural,
E toda aquela cena ficou parada.
E vem tudo na minha memória,
Um remoto passado, uma ilusão,
Um pouco de mim, da minha história,
Do que ficou dentro do meu coração.
Mas tudo passou, tudo é antigo,
A infância me parece que é um sonho,
Disso não me restou nenhum amigo,
Foi real, mas o que foi bom ficou tristonho.