Um pouco tarde

O céu tem a mesma cor agora,

que tinha,

na última vez que não dormi,

pensando em você.

Por isso eu até evito

olhar pela janela,

e enfio a cabeça no fundo do poço,

que eu mesmo cavei,

na minha cama.

Pra morrer sozinho, talvez,

durante o sono,

e pra enterrar

os sonhos que juntei.

Lá no fundo, no fundo mesmo,

junto com os meus erros,

e as palavras que não quis dizer,

mas que devia.

Eu devia ter te dito

logo no primeiro dia,

que eu não era o cara,

pra esse tipo de história.

Você teria me deixado,

mas ainda assim,

melhor,

do que morrer afogado

no meio da madrugada,

na maré do engano.

Melhor, talvez,

do que sair agora,

por sinal, até um pouco tarde,

pra um arrependimento.

Mas não me maltrato

na espera.

Ainda há fogo em mim,

para um carnaval ou dois

na beira da calçada.

Quem sabe,

eu me encontre

na próxima ladeira,

e me perca logo depois,

num amor,

que não morra

logo após

a quarta feira.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 07/08/2022
Código do texto: T7577443
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