JAULA

JAULA

Enjaulado por vontade própria

Ouço Vivaldi, Beethoven, Chopin

Tentando escrever algo que preste

Agora que controlada a peste

Mas a vontade de sair foi-se

Penso no apocalipse e na foice

E ermitão permaneço

Escravo de telas e redes

Sem fomes e sedes

Afinal animal racional

Paradoxo de bem e mal

Nada me move adiante

Afinal futuro me parece escuro

Um inferno de Dante

Trilhas secas e estorricadas

Desaguadas

De vida e esperança

Quem espera a bonança

Sairá frustrado

Num mundo acabado

Vazio e arenoso

Desazulado

Fruto de nós

E o após

Inexistente

Que será de tanta gente

Bilhões de queimados

Num sol que era vida

Tornado morte

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 06/08/2022
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