PEQUENOS VERSOS
Me rasgo com a navalha dos dias
e me verto com o sangue invisível dos minutos
a pingar como se fossem pequenos versos
Em meus versos há mais verdades
que até eu mesmo nem sei direito suportar
por isso me derramo a cada instante
a manchar o branco dos papéis e das telas
com poemas que parecem insignificantes
e assim são se assim lhes apenas parecem
Não lhes peço para ser lido ou gostado
somente para dentro ser um pouco guardado
e um dia ser novamente lembrado
como aquele que aqui se rompeu
no desejo de ser brevemente escutado
Me descerro em fragmentados pedaços
e nessas minhas inúmeras autópsias
me invento e me descubro como se fosse
simplesmente feito de pequenos versos