PEQUENOS VERSOS

Me rasgo com a navalha dos dias

e me verto com o sangue invisível dos minutos

a pingar como se fossem pequenos versos

Em meus versos há mais verdades

que até eu mesmo nem sei direito suportar

por isso me derramo a cada instante

a manchar o branco dos papéis e das telas

com poemas que parecem insignificantes

e assim são se assim lhes apenas parecem

Não lhes peço para ser lido ou gostado

somente para dentro ser um pouco guardado

e um dia ser novamente lembrado

como aquele que aqui se rompeu

no desejo de ser brevemente escutado

Me descerro em fragmentados pedaços

e nessas minhas inúmeras autópsias

me invento e me descubro como se fosse

simplesmente feito de pequenos versos

Joaquim Cesário de Mello
Enviado por Joaquim Cesário de Mello em 02/08/2022
Reeditado em 02/08/2022
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