Tudo certo, nada errado
Vá e procure,
pedaços do que você esqueceu
de viver,
em um oceano de vazio,
de copos e bocas,
e na vastidão da eternidade
de uma embriaguez
de fim de noite.
Sem nem mesmo se perguntar
o que você está fazendo,
consigo mesma.
Talvez eu já tenha estado
nesse mesmo lugar,
pra saber exatamente
o gosto da ressaca.
Ainda assim
não há julgamento a se fazer.
tudo certo, nada errado.
Enfim,
eu sigo procurando
os meus pedaços,
e fragmentos
do que a vida espatifou.
Sigo esvaziando as garrafas
que meu salário permite comprar.
Sigo jogando sextas feiras pelo ralo,
da vida,
me arrependendo nos sábados,
ressurgindo nos domingos,
pra repetir tudo
na semana seguinte.
Mas eu pago minhas contas
e meus pecados
sempre a vista,
e nunca paro pra contemplar
as dívidas
que caducaram
pelo tempo.
Não me deves,
nem te devo nada.
Não há espera,
nem o que lamentar,
do que vivemos
até agora.
Só resta o que guardei
para te mostrar
a sós,
em outra hora.