Tudo certo, nada errado

Vá e procure,

pedaços do que você esqueceu

de viver,

em um oceano de vazio,

de copos e bocas,

e na vastidão da eternidade

de uma embriaguez

de fim de noite.

Sem nem mesmo se perguntar

o que você está fazendo,

consigo mesma.

Talvez eu já tenha estado

nesse mesmo lugar,

pra saber exatamente

o gosto da ressaca.

Ainda assim

não há julgamento a se fazer.

tudo certo, nada errado.

Enfim,

eu sigo procurando

os meus pedaços,

e fragmentos

do que a vida espatifou.

Sigo esvaziando as garrafas

que meu salário permite comprar.

Sigo jogando sextas feiras pelo ralo,

da vida,

me arrependendo nos sábados,

ressurgindo nos domingos,

pra repetir tudo

na semana seguinte.

Mas eu pago minhas contas

e meus pecados

sempre a vista,

e nunca paro pra contemplar

as dívidas

que caducaram

pelo tempo.

Não me deves,

nem te devo nada.

Não há espera,

nem o que lamentar,

do que vivemos

até agora.

Só resta o que guardei

para te mostrar

a sós,

em outra hora.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 02/08/2022
Código do texto: T7573437
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