Entrelinhas

Ele sequer quis me ouvir,

E fechou a porta, quem diria...

A tristeza tentou me prevenir,

Que você um dia partiria...

Com o sabor do vinho e do chocolate,

Em uma manhã de amor...

A taça quebrada em mil partes,

Antes do ultimo sabor...

A cama bagunçada, o calor,

O canto do beijo advinha?

A textura e o ardor...

Ficou tudo nas entrelinhas...

Então não ouvirás a minha voz,

Latindo junto ao seu portão...

O que será de mim, o que será de nós?

Mais mil anos de solidão...

O meu quarto de meio metro quadrado,

E o retrato que nunca tiramos...

É o fato consumado,

Será que nós mesmos amamos?

Você ficou presa à geografia deste mundo,

Contemplando seus mapas e paralelos...

E deixou-me no seu azimute profundo,

Em correntes quebradas elo a elos...

E eu, um viajante do mundo percebi,

Que um cosmopolita sabe de onde vinha...

E todo aquele amor que contigo vivi,

Para você, foi apenas uma entrelinha...