NO BANCO DA PRAÇA

A madrugada sentada

no banco da praça molhada

pela chuva dos minutos anteriores

contempla no céu o acenar das estrelas

antes que a Lua se ponha

carregando consigo

refugos descartados da noite

Antes do despertar do Sol

galos entoam hinos de chegadas

e cânticos tristes de despedidas

A madrugada fatigada

prostrada no banco da praça

imagina que se em alguma estrela

outra madrugada está a vê-la

também sentada em um banco de praça

tão úmida e distante quanto a dela

O que sonham as madrugadas quando dormem

no silenciar dos galos e no desligar das estrelas?

No lado oposto de cá

em algum canto do Universo

talvez um outro Joaquim se levante

transpirado e suado

como se estivesse sentado

em um banco de praça molhada

pela madrugada dos minutos anteriores

Joaquim Cesário de Mello
Enviado por Joaquim Cesário de Mello em 01/08/2022
Código do texto: T7572474
Classificação de conteúdo: seguro