NO BANCO DA PRAÇA
A madrugada sentada
no banco da praça molhada
pela chuva dos minutos anteriores
contempla no céu o acenar das estrelas
antes que a Lua se ponha
carregando consigo
refugos descartados da noite
Antes do despertar do Sol
galos entoam hinos de chegadas
e cânticos tristes de despedidas
A madrugada fatigada
prostrada no banco da praça
imagina que se em alguma estrela
outra madrugada está a vê-la
também sentada em um banco de praça
tão úmida e distante quanto a dela
O que sonham as madrugadas quando dormem
no silenciar dos galos e no desligar das estrelas?
No lado oposto de cá
em algum canto do Universo
talvez um outro Joaquim se levante
transpirado e suado
como se estivesse sentado
em um banco de praça molhada
pela madrugada dos minutos anteriores