VERSOS PRETOS
Nunca temi os bois das caras brancas
Visto que “sempre” foi incólume a alvura
Esclareceram-me suas mentiras tantas
Embranquecendo a história de forma obscura
Não sei fazer versos brancos e cheios de encantos
Como os fascinantes de Drummond
Os meus são inconstantes, com rimas por todos os cantos
Quiçá exista neles um dom
Meus versos são livres, libertários, aquarelados
Empretecidos, avermelhados, embranquecidos
Simples rabiscos de um escrevinhador
Não são trovas, nem sextilhas e nem sonetos
A nenhum padrão me submeto
Contento-me em fazer “versos pretos.”