Minha alma
Amparo, sombras e florestas
Tenho, quando adentro-te.
Esquisitas falas e acenos,
Sonhos e doces frutos merecidos
Ao tocar-te encaro espelho
Deleitar-me em teus anseios
Engendrar-lhe meus intentos
E fazer-nos algo só
Se lhe perco de vista
Ao não ver, meu ser,
Se canta triste em desencanto
Se trai ao curso imediato
E, contai-me quanto do compasso
Estreita os sons do amor
Alma minha, que está em dor
Desejo meu que enfadado reclamou
Austeridade, mormaço, frio intenso
Inferno, paraíso e purgatório
Recompensa, enlevo e melancolia
Internos acalentos ao eu
No profundo, amo-te
Na perfeição do santuário,
Temo-te.
No querer do desagrado, vôo
Floresta escura
Temeroso olhar
Olhar de deusa
Suposto cantar
Mas não me deixe!
Parte minha, entardecer meu
Alvorada quente inquieta
Qual mente que não para o sofrer
Beleza, belo, brancos anseios
Cabelos de ventania
Boca e nariz imaginários
Falando e inspirando
Meu eu que é tão só
À ti esmero e alento comemora
Regozija-se pleno o querer
À ti, alma bela espero
Quando quanto do subir
Alçar estrelas só para nós
Roubar-lhe a lua
Em saturno repousar
Repousa, se encante
Eu não sou nada sem ti
Delibero o afago ao trespassar
De tempo, de suaves termos, corpo meu
Lança que atravessa
Ela traz no cerne do atingir
As canções que compus em silêncio
Para ti, só pra ti
Eu iludo-te
Mas não me deteste
Por vezes retraio
E logo como um vento forte, volto
À mim, ao eu
Incisivo ter, crescente apogeu
Meu sóbrio caráter
Lhe induz a se-lo plenamente
Quando fecho os olhos
É a ti que declamo meus versos
Em silêncio, em segredo
Em retiro de anseios, adormecemos então.