Uma luz no fim...

Não vou romantizar

o amanhã,

só pra te perder,

logo depois.

Mas muita água já passou

debaixo dessa ponte,

pra que eu finja

que nada aconteceu,

entre nós dois.

Ando pelos becos e pelas ruas

de Recife,

e penso em quantos amores

essa cidade matou,

pela pressa

e pelo orgulho.

Já é tarde,

e muito distante

para voltar à pé,

quando me dou conta,

de onde estou.

Vou voltar de bacurau,

eu penso,

ou esperar amanhecer

em algum lugar

onde eu não precise fechar os olhos

para parar de te ver

na minha frente.

Como um fantasma,

nua em pelo

como nunca tive a sorte

de te encontrar...

Enfim.

Sempre haverá um bar aberto

para os derrotados,

para os poetas

e para os que perderam

as últimas esperanças.

Já vejo até a luz,

no fim da rua,

dos desesperados.

vejo você,

surgida das minhas lembranças,

pronta pra tudo

e pra nada,

no meio dos lençóis

de uma cama

de motel

em que nunca

nos deitamos.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 29/07/2022
Reeditado em 29/07/2022
Código do texto: T7570209
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