Uma luz no fim...
Não vou romantizar
o amanhã,
só pra te perder,
logo depois.
Mas muita água já passou
debaixo dessa ponte,
pra que eu finja
que nada aconteceu,
entre nós dois.
Ando pelos becos e pelas ruas
de Recife,
e penso em quantos amores
essa cidade matou,
pela pressa
e pelo orgulho.
Já é tarde,
e muito distante
para voltar à pé,
quando me dou conta,
de onde estou.
Vou voltar de bacurau,
eu penso,
ou esperar amanhecer
em algum lugar
onde eu não precise fechar os olhos
para parar de te ver
na minha frente.
Como um fantasma,
nua em pelo
como nunca tive a sorte
de te encontrar...
Enfim.
Sempre haverá um bar aberto
para os derrotados,
para os poetas
e para os que perderam
as últimas esperanças.
Já vejo até a luz,
no fim da rua,
dos desesperados.
vejo você,
surgida das minhas lembranças,
pronta pra tudo
e pra nada,
no meio dos lençóis
de uma cama
de motel
em que nunca
nos deitamos.