Que deus sou Eu/ Que deus é Você

Eu

Sou o homem/

Filho de Deus/

Mas as vezes, como me é peculiar/

Teimo em querer ser/

Mais do que entendo/

Acabo mesmo seguindo sem direção/

Voo de coração/

Vou de Bicho

Ao lixo

Um deus, que não sabe do perdão.

Na distancia dos muros/

Sempre prefiro o mais fácil/

Mas quase sempre dou murros/

E vou ao chão/

Ninguém desaparta/

Porque no final das contas/

Teimo em querer ser da paixão/

Mas acabo sendo o que não sou/

Quando sou povo/

Ai me dano a sofrer/

Lastimo e quero morrer/

Mas se resolvo ser, sou rei/

Por tudo o que tenho/

Nem sei/

Mas fico sem identidade/

Acabo por fim servindo a tantos deuses/

Sou tantos eus/

Que nunca me encontro/

Nesta via/

Presumo, ante aos meus vazios/

Que coisas me preenchem/

Por isso ando de terno e gravata/

Com relógio no braço/

E inúmeros títulos na praça/

Com o dedo em riste, ouro e na mão a taça/

Ponho na boca a graça/

De achar que a vida é viver/

Que a liberdade é só fazer.

E com dinheiro no bolso/

Tenho o poder/

Servindo ao meus propósitos/

Vivo a viver/

Talvez quando acordar da morte/

Quem sabe note/

Que a vida passou/

E que as coisas ficaram onde estão/

Pois são de um mundo/

E de nada vai me servir

Noutra dimensão/

Como não sei responder/

Deixo pra você/

Dizer o que mais vale nessa vida/