(Des)Ilusão

Eu

Entre tantos enganos, desenganos

Entre as ilusões passageiras e as que insistem se eternizar... Fico eu sempre a me lembrar que a espera cansa, se não se alcança o que de tão longe de mim está...

Eu

Entre tantos encontros, desencontros

Entre os sonhos loucos e os que parecem repetitivos... Fico eu sempre a me falar que todo olhar no horizonte se confunde, o que parece vir já não vem...

Eu

Entre tantos erros, acertos

Entre os desejos de amar e o de esquecer... Fico eu sempre aqui parada, sem saber que atitude tomar...

Eu

Entre frases ditas e desditas

O que foi falado, agora passa a ser desacreditado...

Uma ilusão reconstruída, tudo tão doído

O que escutou foi perdido...

Palavras ocas, feitas de mero sopro...

Alma minha desacreditada, desfalecida...

Ah

Eu e outros tantos desejos desfeitos...

A vida reverte

Falas e ações descartadas

Coração sangra, chora

O que a razão prenunciava

Se tornou desdita...

Pobre emoção de alegria passageira

O que tá dito

Agora se apaga com nova fala

O que resta?

Chamas de sonhos e lutas inglórias

Perdido eu em desilusões

De uma vida inteira!

Aqui jaz mais sonhos,

Devaneios

Solitários

E um eu magoado

Perdido em dúvidas

De como juntar os cacos...

Refazer e seguir sem sonhos.

Alma esperançosa destruída...

Zumbi da existência escrita a ferro e fogo

Jaz tristes memórias

De algumas lembranças em cinzas.

Sou eu

Quase um vulto perdido

De seu próprio eu

Triste e cansado

Solitário

Como a lua...

Raimunda Lucinda Martins