Ao carteiro
Aos moldes antigos me deparo
Tão repleto de surpresa e zelo.
Presto atenção, paro, reparo
Penso: Escrever-te ou escrevê-lo?
Escrevê-lo, certo, não poderia
Mal sei de ti, quanto mais sê-lo.
Será real, será mera fantasia?
Sendo irreal, como sabê-lo?
Eu que escrevo como alma antiga,
Ofertando aos viajores da jornada
Um soneto, um cordel, uma cantiga,
Uma rima torta numa noite estrelada.
Deixo a palavra de poeta que sou
Saudar a livre palavra tua.
Aquela que tão livre já voou
Até as estrelas, os mares e alua.
Que seja bento teu caminhar
E que a vida possa retribuir
Todo teu gesto de se doar
E de deixar, palavra partir.
Cordialmente,
Afloralafora.
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