VERSOS BRANCOS
Não faço versos métricos
meus sentimentos são quilométricos
e os sonhos voam à velocidade da luz
Não sou francês
inglês ou japonês
Sou brasileiro
que às vezes escreve português errado
fala nordestino com sotaque pernambucano
e que gosta de viver solto e desamarrado
Meus poemas têm versos brancos
e não seguem a linha reta
por isso são todos quebrados
uns mancos e outros até amputados
Versejo afoitamente
não sou lá chegado a floreios
mas tenho sempre cá comigo
meus ritmos e melodias
meus esmeros e meus acabamentos
Nada contra quem versa a palmo
até admiro quando os leio
mas como disse não sou tão calmo
e meu guarda-roupa é sempre bagunçado
mexido, disperso e desarrumado
Meu lirismo é subversivo
algumas vezes brincante e festivo
e se aqui me apresento rimado
talvez seja por ser também enxerido
Se ser poeta for ser louco
sou insano, maluco e desvairado
mas poetas não são doidos
dementes ou alienados
poetas são como crianças
brincando de ser gente grande
Vai, então, meu menino, vai
que o mundo te convida
a passar pela vida sendo poeta
e se assim não fosse
nem saberíamos sequer ser outra coisa