NÃO ME CONTE ESTÓRIAS
Não me conte estórias,
Conte seus sonhos.
Nada irá mudar,
Nem o meu, nem o seu futuro.
Apenas tenha desejos,
Sonhe,
Mesmo que o medo de não realizar seus sonhos
Tome conta do seu coração.
A coragem não está nas atitudes, no rompante,
Nem na ruptura com o instante
Ou a famigerada fome de realizar.
A coragem é apenas o avesso
Daquilo que você deixou de fazer.
O mundo não vai acabar amanhã
E aqueles que apregoam o fim do mundo
Morrerão antes dele.
Não deixe que as rugas de seu rosto
Esconda seu sorriso,
O tempo não é seu maior inimigo.
Sabe-se lá quem é o melhor amigo!
(aquele que irá evitar que você se afogue).
Espere que o fogo se apague
E levante-se lentamente para caminhar.
As ruas estão cheias de gente,
Com certeza o mundo mudou,
Os candieiros se apagaram,
Mas não se apaga um coração.
As rodas das carruagens
São peças esquecidas nos cantos dos museus,
As sombras de qualquer passado
Um dia será também
Um espelho seu.
Tenha calma, paciência,
A grande recompensa não é palpável
Nem dá sabor ao paladar,
A grande recompensa não tem corpo,
Sequer os membros que você usa
Para seguir em frente.
A grande recompensa você só conhece
Quando seu pensamento mudar,
Quando seu comportamento se adaptar
A não querer mais tocar as estrelas
(não importa o quanto são belas).
Não serão as ondas agitadas
Que levarão seu coração
Ao sentimento de maior alegria.
Seus dias serão contados um-a-um.
Deles não se farão histórias.
Ninguém se lembrará,
Apagar-se-ão as memórias.
Mas ainda assim você irá continuar,
Há pouco aprendeu a caminhar...
E caminhar lhe fará crescer,
Conhecer outros horizontes,
“Ontem’s” que fizeram a vida de alguém diferente.
Não,
Não existe o sempre ou o agora,
Não existe o tal exaltado instante,
Tudo isso
É irrelevante.
Há pouco você começou a caminhar ...
Agora olhe para os seus pés,
Já estão cansados, fatigados,
Castigados pelo calor e o frio.
Pelo frio do apelido proibido.
E você sequer começou a colheita.
A sua natureza ainda espreita o destino.
Esquece... não é o seu menino interior
Que fará de você, um homem.
Seu nome será desconhecido de outros nomes.
Nomes são apenas palavras inventadas
Para sermos chamados de vez em quando.
Mas quando você morrer,
Em outro lugar.
Nunca mais ouvirá
Alguém chamar seu nome.
Nesse momento eu vou lhe encontrar
E dizer que seus sonhos vivem
Além do conhecimento existencial.
Mário Sérgio de Souza Andrade – 06/09/2021