#lucindanelremarcrônica?

Não me abstenho do tempo que vivi

só quero estar a reiniciar todo dia ao me levantar

Mesa se posta todo dia para o café, não é o mesmo

mas é o café, a mesma bebida, com um gosto especial

de único, aquele sorver mais demorado ou totalmente

rápido, quase sem se sentir a quentura...

Quero ser cada dia um ser novo, com roupagem igual,

a pele envelhecida do correr das horas, dos dias, meses,

anos, décadas, mas que pode num dia qualquer ser vista

com uma certa frescura que poderá lembrar a juventude.

Não me abstenho do tempo que se foi, mas quero estar a vontade, do hoje que vivo, num lago que pode estar com águas escuras, mas que podem de repente, ser clareado com alguma boa vontade do sol, ou daquele matinho que pode limpar as impurezas que ali residiam... Será o mesmo lago, com novas perspectivas. Será um hoje vindo de um ontem, que deixou impregnado, na aurora do dia que se inicia, o perfume de flores que ainda estão a desabrochar...

Tudo um reiniciar...Um ponto que se segue na próxima linha. Sem pontos finais, só reticências, sinal de que algo sempre virá. A roupa, a casca poderá aparentar um certo: AH, ISSO JÁ VI! Mas com um olhar mais aprofundado, se verá um ar diferente, um café quente, aparentando igualdade com o que foi tomado ontem, mas neste há uma diferença: foi feito agora, com mãos mais cuidadosas, na temperatura certa.

Não, não me abstenho do tempo que vivi, só quero estar a me refazer, a me reiniciar todo dia ao me levantar.

Olhos cansados, rosto enrugado, mas ah, algo novo neste meu ser que ontem parecia tão diferente.

Sou o restolho de ontem, mas hoje, sou o novo ser que me fez renascer ao toque do sol que me fez os olhos da minha nova alma, se abrir e se redescobrir... Simples assim!

(22/07/2016)

Raimunda Lucinda Martins(Nelremar)