Não volta mais
Toda vez que busco um lugar na anamnese,
o vento no rosto rasga meu coração,
na contramão plena do principado que se fez
presente nos meus sonhos enamorado.
Dá seu jeito de não consertar
a loucura contada no passado,
a memória virar final melancólico,
de ponta cabeça na poesia cantada.
O grito de algum modo apressa
o destino guardado em segredo,
a escolha vivida em contos,
em certezas que demoram a chegar.
A fantasia aludida no teatro
dos anseios, na nostalgia,
quase sempre se torna fatal
mesmo sendo impossível acertar.
Deixar passar a tempestade
em forma de sol novo, com a atenção
elevada na mão que apressada
esquece que o que ficou pra trás, não volta mais.