Meus medos se escondem
lá nos recônditos de mim,
prá que eu não os veja,
e assim  o anonimato lhes proteja:
e ao não ver, eu os esqueça, enfim!
 
Quando os procuro, se escondem
lá no breu, num canto escuro,
até que apareça oportunidade,
quando um dia fraqueja a vontade,  
e então pulam os meus muros
e saqueiam minhas verdades.
 
Me assaltam os meus medos...   
e assim conseguem vir à cena,
embotar os meus poemas,
defender suas causas pequenas,
querer incutir-me seus credos.    
 
Mas eles são meus segredos,
não há porque revelá-los
a quem não iria entender!
Convivo com eles sabendo
que a batalha é árdua:
Ou eu consigo vencê-los,
ou eles acabam por me vencer!