Cansado !!
Cansado !
Cansado,
Cansado ...
Cansado
de máscaras caídas
de ausência de beleza
de presenças nefastas
de ódios, de medos semeados
e de sua colheita espalhada
de ausência de caráter
de presenças deslavadas
de cinismos perante aplausos
Cansado
Com medo
Mas ainda é cedo
Mas ainda é tarde
Mas ainda é hoje
É tarde o amanhecer
É cedo o entardecer
É o medo de viver por todos os lados
Não me alegra saber
que os tempos sempre vencem
Mas, o ar que eu respiro agora
Não demora mas arde o coração
e congela a alma
Sinto medo
Estou cansado
Cansa tanto ódio em cada esquina
Cansa tanta mágoa em cada rua
Cansa tanto mentira em cada palavra
Cansa
Estou cansado
Medo de tudo
Até de mim
Mas é preciso coragem pra ser eu mesmo
E os aplausos dos canalhas
Não me entopem os ouvidos
Mas choro lágrimas
Pelo cansaço por ouvir tantos gemidos sufocados
Tantas dores escondidas
Tantos ódios semeados
Tantos ecos doloridos
Tanto sufoco em expansão
Tanto ouvido tapado
Tantos olhos cegos
Tanta pele anestesiada
Tantos poros entupidos
Tantos corações congelados
Tantas almas encardidas
Tanto tempo perdido
Tanto suor seco
Tanta lágrima seca
Tanta palavra escondida
Mas, ainda há um hálito de porvir
Que ainda pode colorir
Perfumar e fertilizar
Outros ares e lugares
e fazer pulsar sorrisos
E alumiar caminhos