O subsolo que há em mim

Encontrei-me preso às coisas.

Que horrível descoberta.

Seria melhor continuar

com a liberdade inexperta

de quem vive sem pensar

sobre aquilo que disserta.

Não ligo para os outros, não.

Cada crânio guarda um cérebro

repleto de engrenagens,

compondo uma paisagem

e escrevendo a carta aberta

pela qual a alma deserta

encontra um oásis ideográfico.

O que me entristece sou eu.

Sou eu também narciso.

Olhando o mundo pelas lentes

de quem sente a dor do siso

e resmunga. Não pelos dentes,

mas pelo prazer do aviso.

Eduardo Becher
Enviado por Eduardo Becher em 17/07/2022
Código do texto: T7561295
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.