32. Holly 32

32 anos.

32 dentes.

Trinta e duas estrelas cadentes.

Sol de dezembro.

Mês das lembranças.

‘Inda me lembro.

Céu de dezembro:

Azul intenso

E o cinza das tardes.

Mar de dezembro:

Faz tempo não vejo.

Almejo ver sempre.

Paixão de dezembro

Que me acomete

Em cada alvorecer.

Questão de dezembro:

O amor vem com o calor?

Se é amor, porque a dor?

Fração de dezembro:

Dois terços me matam

A cada ano que vivo.

Niilismo de dezembro:

As datas são nada.

Não existe natal.

Brasil de dezembro:

Cantil de fumaça.

Shopping's de ópio.

Comida de dezembro:

Bem mais do que pasto;

Bem mais que verdade.

Fezes de dezembro:

Fedem mais, cheiram mais.

Como sempre voltamos à lama.

Viagens de dezembro:

Enigma de Vera Cruz.

Estrelinha. Pensacola.

Televisão de dezembro:

Cabeçote de videocassete;

E a alma em slow-motion.

Amigos de dezembro:

Cartões de papelão

São melhores que E-mail.

Crianças de dezembro:

Piscinas portáteis.

Mangueira de jardim.

Resumo da ópera:

Dezembro é o mês da mentira.

Dezembro é o mês da verdade.

Dezembro é o resumo da vida.

Dezembro são dias de índio.

Dezembro é aniversário.

Dezembro é calendário.

Dezembro é só calendário.

São 32 anos de vida:

E anos são dias –

Amontoado de dias.

A árvore não sabe da folhinha.

Pra árvore não tem feriado.

Pra “eles” é holly

( O mesmo que sagrado ).

E se isso é sagrado

Somos todos sagrados;

Ou nada é sagrado.

Mas tudo é bom.

Luciano Fortunato
Enviado por Luciano Fortunato em 28/11/2007
Reeditado em 28/11/2007
Código do texto: T756054