ALÇAPÕES FAGUEIROS
Filhos são dádivas plenas, pétalas preciosas, faces de um dado misterioso.
Vêm encharcados de quereres, de cheiros pra untar, de gostos a flertar,
de petições a cumprir.
Filhos são cárceres ásperos, alçapões fagueiros, poços de constelações e estopins.
Trazem dores e unguentos, bênçãos e tropeços, rimas e ásperos chãos.
Filhos afagam, afloram, encantam, sacodem o mundo.
Também engasgam, emperram, esmerilham, esbravejam,
esgueiram pelas nossas veias e confins.
São rastros encantados, agasalhos ferozes, voos certeiros e errantes.
Filhos sufocam, encrencam, crescem, como crescem. Como crescem.
Têm asas sedentas, olhos matreiros, suores de Deus.
Levam a nossa alma adiante, por onde bem entenderem,
sem pedir licença e nem perdão.
São o nosso melhor troféu, o mais justo pedaço do que temos de mais lindo,
de mais bizarro, de mais desconhecido.