pangeia
eu escrevo sobre a queda.
eu escrevo sobre a quebra.
eu escrevo sobre um vulcão
de lava escarlate
cuspindo a alma fora.
eu escrevo sobre a perda,
e sobre continentes que se
encaixam e se insurgem
na boca do mundo,
no centro do mundo,
em mim.
eu escrevo sobre a dor,
e talvez sobre o amor,
que dançam, no fim,
a mesma música.
eu escrevo sobre
quedas, quebras —
fantasmas esquecidos
na imensidão da terra.
e a terra chama. dá a luz.
quebre o mundo, deixe que caia;
minha poesia é esse elo
entre o que se perde
e o que nos resta.