EQUILIBRISTA
Ecos da tv que chegam até mim
para a audiência cativa a morte é capim.
De terno e gravata noticiam a desgraça
dos guetos ampliados, pelas lentes nada passa.
Desapercebido, de baixo poder aquisitivo.
Teu futuro é ser servil se não virar bandido.
Imprimem na tua mente a marca desta sina
se há sinal de revolta o cacetete te ensina.
O sistema é podre e a justiça é cega,
como vencer o jogo se ninguém te conta a regra?
Vê um sonho de riqueza e um carro importado.
Abre uma cerveja sucedâneo temporário.
Nos olhos do futuro a incerteza e medo.
Pensamento aqui dói procure teu placebo.
Desce a pista todo dia buscando o equilíbrio.
Um passo em falso e vai direto pro abismo.
Vendendo na calçada o pão do seu filho.
Segue equilibrista do viver empírico.
No meio do caos, a miséria segue o fluxo.
Pegue o que puder, sanidade aqui é luxo.
Divindade na parede parece ouvido surdo.
Felicidade e abundância promessa de um outro mundo.
Vinte versões da verdade, qual é a realidade?
Na escola da vida se formou em malandragem.
Dias de luta, dias de glória.
Já nasceu nocauteado onde está sua vitória?
Desce a pista todo dia buscando o equilíbrio.
Um passo em falso e vai direto pro abismo.
Vendendo na calçada o pão do seu filho.
Segue equilibrista do viver empírico.
Da janela do apê curtindo a zona sul
o grito não te alcança porque o céu ainda é azul.
Lendo Sartre e Nietzsche o saber ateu
vivendo a meritocracia que o papai te deu.
Produz texto bonito na internet e no sofá
Ideologias e teorias que não vão te ajudar.
Posts irreais nas redes sociais
jogos que afastam o tédio de vidas normais.
Revolucionário de sofá aqui pensamento voa.
Foda se essa merda se a erva é da boa…