O TEMPO
Quem é esse por quem lamento,
ao não ter tempo para o acompanhar?
Seguindo atrasado em seu encalço,
esperando o dia para o alcançar.
Tempo que não espera e desespera,
quem não sabe esperar.
Complexo para entender,
insondável por assim dizer,
imutável para se perceber,
impossível de se deter.
Em sua jornada infinda,
vagueia livre sem amarras,
sem compromissos,
ambíguo em sua natureza,
sem culpa por ser eterno,
culpado por ser etéreo.
Tempo que não tenho
mas que busco mesmo assim,
incapaz que sou,
de perceber a ironia contida aqui.
Como conter o tempo
que escoa entre os dedos
tal qual a areia levada pelo vento?
Na lembrança de uma fotografia
ou na memória que esperamos
nunca esquecer.
Ou ainda quem sabe,
nas palavras que o poeta eterniza
ao acabar de escrever.
O tempo dirá.