as estradas cheias de lama
afogam minhas dores
o rio perene leva o meu sonho
as suas águas contam histórias de trancoso
para uma mulher que só tem medo de estar viva
amanhã... porque hoje eu venci outra vez o dragão
do outro lado do mundo
sou flor de plástico
do lado de cá sou a rosa
do poeta melancólico
quero o furor de Ficino
a ilha dos amores de Camões
o doce de goiaba da minha vovó
entre tantas quedas e tombos
ainda resta um corpo cheio de arranhões
depois de ontem não vi mais o sol
escondi-me dentro de casa
para não ser levada pelo triste adeus
lá se vai o morto e seus amigos
num carro preto partia para o cemitério
o meu amigo da esquina
eu sou menos dez por cento de mim hoje