SECA I
Eu vi o sertão pegar fogo
Eu vi as matas secarem,
Eu vi a terra rachar.
Vi meu cavalo, vi meu gado
Caírem de fome,
Como foi triste e penoso
Ver todo rebanho sucumbir,
Querer se levantar e não poder
Como me doeu o seu mugir;
O seu choro ante a morte.
O relinchar do alazão
Olhando-me pedindo súplica...
Ah, como chorei
Por nada poder fazer
Para evitar aquela carnificina
Que em vida tanto me deu.
Mas o choro do menino
Mesmo fraco me fez ser forte,
Forte para lutar contra a seca,
Que fez tanto gado
E tanta gente cair;
Forte para lutar contra a morte...
E eu quase morri.