SECA II
Murchou todo o mato
O chão todo secou,
Joguei um fósforo numa folha
E o fogo se alastrou.
Já não se pode fumar
E jogar a sobra no chão,
Sem antes apagar a brasa
Para a mata não virar fogueira.
O milho não nasceu
O algodão já não existe,
O sertanejo pede a Deus
Numa oração muito triste;
Para que mande logo as chuvas
Se não o sertão não resiste.
O esqueleto de uma rês
Estirado em plena roça,
Diz a todo agricultor
Com a seca não há homem
que possa.
O sertanejo olha os filhos
E chora entristecido,
Pergunta a Deus nas alturas
Por que tamanho castigo.
Pede para que as chuvas
Venham acabar com a seca,
Fazendo em pouco tempo
Todo sertão verdejar.
Já não existe mais gado
Foi vendido ao matadouro,
Para comprar feijão furado
E poder ser alimentado.
O sertanejo hoje come
Miolo de mandacaru, palma
E até raiz de umbu,
Bebe água de macambira
Escova os dentes com já,
Mais todos tem esperança
De que esta grande seca;
Um dia vai acabar.