SECA II

Murchou todo o mato

O chão todo secou,

Joguei um fósforo numa folha

E o fogo se alastrou.

Já não se pode fumar

E jogar a sobra no chão,

Sem antes apagar a brasa

Para a mata não virar fogueira.

O milho não nasceu

O algodão já não existe,

O sertanejo pede a Deus

Numa oração muito triste;

Para que mande logo as chuvas

Se não o sertão não resiste.

O esqueleto de uma rês

Estirado em plena roça,

Diz a todo agricultor

Com a seca não há homem

que possa.

O sertanejo olha os filhos

E chora entristecido,

Pergunta a Deus nas alturas

Por que tamanho castigo.

Pede para que as chuvas

Venham acabar com a seca,

Fazendo em pouco tempo

Todo sertão verdejar.

Já não existe mais gado

Foi vendido ao matadouro,

Para comprar feijão furado

E poder ser alimentado.

O sertanejo hoje come

Miolo de mandacaru, palma

E até raiz de umbu,

Bebe água de macambira

Escova os dentes com já,

Mais todos tem esperança

De que esta grande seca;

Um dia vai acabar.

Gilson Brasil
Enviado por Gilson Brasil em 05/07/2022
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