AINDA É TEMPO

Eu sei

Outubro é só um sonho perdido

Na parte mais funda da memória

Agora tudo é perplexidade

Necessário é reencontrar o sonho

No mesmo ponto onde o deixamos

Por que ainda somos a esperança reinventada

De ainda estarmos novamente

Na recriação do mundo

Como um luigar propício à felicidade

Ainda é tempo de enfeitar a paisagem

Com o pão repartido em todas as mesas

Com a água enchendo todas as cisternas

A esperança injetada no coração do homem

Eu sei

Dirão que estou falando bobagem

A vida agora é uma canção pervertida

Alimentando o egoísmo

Daqueles que quanto mais tem mais querem

Que a fome sempre será uma realidade

E o pão nosso de cada dia

Será comido hoje

Com muito mais suor do que ontem

Mas

Sigo não acreditando

Nas verdades prontas das elites

Que cravam um punhal no pescoço do povo

E dizem que a vida é isso mesmo

Não

Ainda serão geradas muitas searas

Anunciando a primavera

Que virá enfeitando os instantes

E a sina será a felicidade

No milagre da vida recomeçada

Na urgência

Que transforma o hoje no amanhã.

JOAQUIM RICARDO
Enviado por JOAQUIM RICARDO em 27/11/2007
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