AINDA É TEMPO
Eu sei
Outubro é só um sonho perdido
Na parte mais funda da memória
Agora tudo é perplexidade
Necessário é reencontrar o sonho
No mesmo ponto onde o deixamos
Por que ainda somos a esperança reinventada
De ainda estarmos novamente
Na recriação do mundo
Como um luigar propício à felicidade
Ainda é tempo de enfeitar a paisagem
Com o pão repartido em todas as mesas
Com a água enchendo todas as cisternas
A esperança injetada no coração do homem
Eu sei
Dirão que estou falando bobagem
A vida agora é uma canção pervertida
Alimentando o egoísmo
Daqueles que quanto mais tem mais querem
Que a fome sempre será uma realidade
E o pão nosso de cada dia
Será comido hoje
Com muito mais suor do que ontem
Mas
Sigo não acreditando
Nas verdades prontas das elites
Que cravam um punhal no pescoço do povo
E dizem que a vida é isso mesmo
Não
Ainda serão geradas muitas searas
Anunciando a primavera
Que virá enfeitando os instantes
E a sina será a felicidade
No milagre da vida recomeçada
Na urgência
Que transforma o hoje no amanhã.