CASA DE VELUDO
Seus pais arruinados não deixaram legado,
e tudo o que sabe cabe no bolso do jeans rasgado.
A tolice que é dada a cada dia não morrido,
a ignorância que ameaça com cada novidade no dia.
Esperança é um esparadrapo podre na ferida à bala,
que não cura, mas piora a dor que faz esquecer
a falta que o destino faz pra completar a estrada,
que termina na porta de uma casa de veludo esfarrapdo.
O tempo sempre foi inimigo das artes da fisicalidade.
Dentes à menos, rugas e doenças crônicas à mais.
Vergonhas deixadas na porta quando a fome entrou
e quando saiu o encantamento de um século que se acaba.
E você quer tantas coisas, que nem cabem na oração,
mas querer é pouco: o que se tem é uma deformação.
Você quer acreditar em mágica e letras de blues ultrapassados,
mas tem é um prato de espaguete e a feiura herdada do mundo.