CASA DE VELUDO

Seus pais arruinados não deixaram legado,

e tudo o que sabe cabe no bolso do jeans rasgado.

A tolice que é dada a cada dia não morrido,

a ignorância que ameaça com cada novidade no dia.

Esperança é um esparadrapo podre na ferida à bala,

que não cura, mas piora a dor que faz esquecer

a falta que o destino faz pra completar a estrada,

que termina na porta de uma casa de veludo esfarrapdo.

O tempo sempre foi inimigo das artes da fisicalidade.

Dentes à menos, rugas e doenças crônicas à mais.

Vergonhas deixadas na porta quando a fome entrou

e quando saiu o encantamento de um século que se acaba.

E você quer tantas coisas, que nem cabem na oração,

mas querer é pouco: o que se tem é uma deformação.

Você quer acreditar em mágica e letras de blues ultrapassados,

mas tem é um prato de espaguete e a feiura herdada do mundo.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 02/07/2022
Código do texto: T7551130
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