Vislumbre
Desperta agora
Caminho sem rumo
Meus pés parecem conduzir-me querer
E isso é bonito
Isso é bom.
Eu vim de outro plano,
De um sono acordei
E vislumbres inundaram-me
Olhos e alma
Vislumbres do além.
Deslumbrantes alamedas
E flores selvagens
Do tipo que nascem entrelaçadas
Outras distantes e independentes.
Eu sinto, enquanto ando
Um cheiro de melancolia
Que aos ossos se apega
Mas de olhos bem abertos
Observo o desabrochar de flores
Em tempo real.
Eu nunca vi algo tão envolvente
Pois envolta em meu sozinho ser
Fora de mim há um mundo também
Um mundo que quer-se ser sentido
E descoberto.
As flores me sorriem e seus olhos
Atentos e cintilantes se fazem
Ouço uma canção
É a canção das flores!
Perfumada, uníssona, belíssima, vivaz.
Neste plano onde me encontro
Atentei que não quero mais fechar os olhos
Pois sei que ao abri-los
Acordarei em meu leito frio
Num mundo onde flores não cantam
Não sorriem
Não tem visão.
Num mundo onde elas, assim como eu
São mortais.